Hoje em dia é comum ver crianças, mesmo as pequenas, com celulares e tablets na mão. Às vezes elas ainda nem sabem falar, mas já manuseiam com desenvoltura os aparelhos eletrônicos. Mas, será que o uso desses aparelhos faz bem à saúde dos pequenos? Confira as considerações sobre esse assunto no nosso post de hoje.
Não é só o tempo de tela que deve ser vigiado. O conteúdo que essas crianças e adolescentes estão acessando é adequado para a idade delas?
Existem dados que confirmam a existência de riscos no uso excessivo da mídia digital. A presidente do Departamento Científico de Desenvolvimento e Comportamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), dra. Liubiana Arantes de Araújo, destaca que é preciso que os pais monitorem o conteúdo acessado pelos filhos. Além disso, duas horas por dia é o tempo máximo de tela recomendado pela SBP para crianças acima de 6 anos e adolescentes. Esse tempo pode ser excedido em caso de trabalhos acadêmicos, desde que se estabeleça intervalos de descanso e atividade física.
O Manual de Orientação “Saúde de Crianças e Adolescentes na Era Digital”, publicado pela SBP em 2016, orienta que o tempo de tela deve ser limitado e proporcional às idades e etapas do desenvolvimento cerebral-mental-cognitivo-psicossocial das crianças e adolescentes.
Consequências do uso excessivo
O tempo prolongado em frente ao aparelho pode levar a uma série de problemas, como transtorno do sono, irritabilidade, transtorno de humor e sedentarismo. Além disso, pode haver problemas como transtornos de postura, de visão e de audição.
Outros problemas são: ansiedade, dificuldade de estabelecer relações em sociedade, estímulo à sexualização precoce, comportamento violento ou agressivo, transtornos de alimentação, baixo rendimento escolar, lesões por esforço repetitivo, exposição precoce a drogas, etc.
Alguns estudos mostram que o uso sem moderação, precoce e não supervisionado de dispositivos eletrônicos têm causado prejuízos de ordem cognitiva, psíquica e física nos jovens.
Alguns pediatras já verificaram sintomas como ansiedade, comportamento violento, transtornos de sono e de alimentação em pacientes que usam a tecnologia em excesso.
Desenvolvimento infantil
Crianças e adolescentes ainda estão em fase de crescimento e, portanto, precisam de uma diversidade de estímulos para poder formar conexões em diferentes áreas cerebrais para desenvolver habilidades necessárias para o resto da vida. São habilidades relacionadas à aprendizagem, habilidades para desenvolver conteúdos pedagógicos e funções executivas como disciplina, foco, atenção, planejamento. Essas habilidades são essenciais para o desenvolvimento cognitivo, social e emocional que a criança terá na vida.
Ao restringir a criança por muito tempo só ao estímulo de tela, isso pode priva-la de outros estímulos essenciais ao seu neurodesenvolvimento.
Estudos e Pesquisas
O National Institute of Health (EUA) iniciou em 2018 uma pesquisa pioneira para entender o impacto do uso frequente de smartphones e tablets no desenvolvimento do cérebro de crianças e adolescentes. A pesquisa tem como objetivo responder como o tempo empregado em frente às telas afeta a estrutura física do cérebro. Alguns dados preliminares obtidos através de ressonâncias magnéticas já demonstraram diferenças significativas nos cérebros de algumas crianças que usam celulares, tablets e videogames mais de sete horas por dia. As imagens indicaram um afinamento precoce do córtex cerebral, o que significa uma possível diminuição da receptividade de informações sensoriais (visão, audição, tato, olfato e paladar), já que ocorrem menos estímulos durante o uso da tela do que em outras atividades.
Outros dados do estudo mostraram que as crianças com frequência diária acima de duas horas frente às telas alcançaram pontuações mais baixas em testes de raciocínio e linguagem. De acordo com os pesquisadores, ainda é cedo para conclusões definitivas, sendo necessário novos testes e acompanhamento ao longo do tempo para confirmar os resultados.
Dicas
Os pais devem escolher jogos e filmes pedagogicamente adequados para cada faixa etária, dentro do período adequado. Desta maneira, estão as telas podem ser úteis ao seu neurodesenvolvimento.
Para as crianças menores de dois anos, a recomendação é que seja evitado ou proibida a exposição passiva às telas digitais, com acesso a conteúdo inapropriado de filmes e vídeos, especialmente durante a hora das refeições ou antes do sono.
Crianças entre 2 e 5 anos devem ter o tempo de exposição limitado a uma hora por dia, no máximo.
É importante lembrar que crianças menores de seis anos não conseguem separar fantasia da realidade.
Dica para os pais: procurem manuais e sites sobre internet segura e materiais educativos.
Ou acesse aqui: http://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2016/11/19166d-MOrient-Saude-Crian-e-Adolesc.pdf
Para outras orientações acerca do tempo de tela adequado para seu filho (a), procure um pediatra. Ele poderá tirar suas dúvidas e dar outras dicas.
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